segunda-feira, 31 de março de 2014

Medicina dos Afectos

         
Queridos leitores, hoje iremos tratar de um texto que é composto por cartas trocadas entre o filosofo René Descartes e a Princesa Elisabeth da Boemia, em 1643. Poderemos compreender que essas cartas foram trocadas a muito tempo atrás, mas as questões nelas presentes ainda permanecem nos conflitando até os dias de hoje.  O assunto foco entre as cartas presentes nesse texto é a relação entre o corpo e a alma.
          A Princesa Elisabeth, acreditando fielmente que Descartes poderia ajudá-la a compreender os mistérios da sua alma, pergunta a Descartes: “como é que a alma do homem (sendo uma mera substancia pensante) pode determinar os espíritos do corpo a fazer as ações voluntárias?”  Ou seja,  ela queria saber justamente a definição do que era a alma, separada da sua ação e do seu pensamento, mas ela queria uma definição diferente daquela que era dada pela metafísica da época.  Descartes, muito contente com a confiança que a princesa tinha nele, tenta explicar de forma empenhada a sua teoria. Ele começa afirmando que existiam duas ideias sobre a alma humana, uma delas é que ela pensa e a outra é que estando unida ao corpo, ela pode agir e padecer com ele.  Porem, em seus estudos particulares, sempre intrigado pelas cartas trocadas entre ele e a princesa, Descartes sabia que havia uma distinção entre a alma e o corpo e que apesar de acreditar na separação entre eles, isso não podia ser interpretado como uma máquina, pois há um momento de junção entre os dois elementos, e esse acontece quando a força que a alma tem sobre o corpo traz a tona os sentimentos, os desejos e as paixões.  
          Durante a troca de cartas entre eles, a Princesa revela a Descartes que esta doente e que ela encontrava um alivio maior nas cartas dele do que nos remédios que ela escolheu  para tentar se curar (dieta e os exercícios). Descartes disse a Elisabeth que a melhor maneira de preservar a saúde é pensar que o corpo possui uma arquitetura tão boa que se você esta são é mais difícil de adoecer e caso você fique doente, a cura vira mais rápido. Podemos notar que algumas pessoas quando recebem um diagnostico ruim, ficam pensando  tão negativamente sobre ele que a causa da morte acaba sendo provocada por elas mesmas. Descartes fala sobre a diferença entre as almas maiores e as almas baixas e vulgares. Essas se deixam levar pelas suas paixões e são felizes ou infelizes conforme passam por acontecimentos bons ou ruins. Aquelas, por sua vez, possuem um raciocínio forte e poderoso que mesmo que tiverem suas paixões, a razão sempre prevalecerá e isso faz com que a pessoa permaneça bem, mesmo quando passa por problemas. Descartes diz que a alma da princesa é a maior que ele conhece, e que por isso ele tem certeza que ela ficara bem e se recuperara da doença. Elisabeth diz a Descartes que ele é o medico da sua alma e que se não fosse pela sua doença ela iria visita-lo para poder adquirir mais conhecimentos com ele, mas que apesar disso, sempre que ela precisar, escrevera para ele.
          Desde esse tempo em que as cartas foram trocadas, século XVII, ate a atualidade, os questionamentos presentes nas cartas persistem entre nos. Onde começa a alma e termina o corpo? Qual a influencia da primeira com o segundo? De fato existe uma alma? E qual a definição que damos a ela?
          Eu penso que é muito difícil distinguirmos a ação do corpo e da alma, eles parecem estar tão unidos que muitas vezes me vejo pensando que agimos somente pelo corpo, pois é algo que conseguimos acreditar que seja realmente o que acontece, se não temos um conhecimento maior sobre a relação dele com a alma. Podemos também ir pelo caminho de que a compreensão de cada um em relação a esses dois elementos  -corpo e alma-  depende do que a pessoa que esta analisando, crê e pensa sobre aquilo. Para a princesa por exemplo, não ficou muito clara a resposta dada a ela, mas isso se deu pois a explicação de Descartes era complexa e era baseada no que ele acreditava.

          Apesar do texto ser complexo e muitas vezes  difícil de ser bem entendido por nos, eu acho esse assunto muito interessante e com certeza nos levara a aprofundar mais sobre ele. 

sábado, 22 de março de 2014

Como Lidar Com Emoções Destrutivas - O Lama no Laboratório


            O texto de hoje será inspirado na obra “Como Lidar com Emoções Destrutivas”  de Dalai Lama e Daniel Goleman, mais especificamente do seu primeiro capitulo, “ O Lama no laboratório”.
             
             O nosso personagem principal possui um nome fictício, Lama Oser. Oser nasceu na Europa e se converteu ao budismo, passou mais de 30 anos recebendo sua educação de monge tibetano no Himalaia, e teve a honra de passar, também, muitos anos ao lado de um dos maiores mestres espirituais do Tibete.
             Oser foi convidado a participar de uma pesquisa inovadora, onde seria examinado, enquanto meditava, pelos mais modernos aparelhos de exame do cérebro. Outros testes semelhantes a esse já foram realizados, mas não com tamanho aprofundamento. A pauta dessa pesquisa então, seria avaliar a meditação, afim de alcançar uma solução pratica para o eterno enigma humano de como lidar com as diversas emoções destrutivas que possuímos.
             Aqui, no Ocidente, sempre que apresentamos algum tipo de problema, recorremos sempre ao bom e velho remédio. Oser, porém, fez uma proposta diferente e um tanto quanto interessante: as pessoas podem realizar mudanças cerebrais e podem também educar a mente a fim de controlar esses problemas emocionais que as afligem. Uma das formas de realizar tais mudanças seria por meio da meditação, um dos métodos de educação da mente que é ensinado pelo budismo.
             Com a sua proposta brilhante, Oser foi convidado por Richard Davidson, um famoso cientista que estava muito interessado em estuda-lo, a ir ao laboratório da Universidade de Winsconsin, no campus de Madison.  A equipe de Madison queria escolher um dos mais diversos métodos que meditação que o budismo tibetano podia oferecer, para estudar. No inicio a equipe sugeriu que fossem estudados três estados meditativos: uma visualização, a concentração em um ponto e a geração de compaixão, pois casa um dos métodos apresentava estratégias mentais totalmente distintas e com isso a equipe podia ter quase certeza de que encontraria diversas configurações fundamentais das atividades cerebrais. Depois foram acrescentados outros dois estados, a devoção e o estado aberto, esse ultimo era um estado de virgília sem pensamentos, onde a mente fica aberta, vasta e consciente, mas sem atividades mentais intencionais, segundo Oser.
           O estudo dos tais métodos envolvia colocar o Oser em um aparelho de scanner cerebral. Mas, ao contrario da maioria das pessoas que conhecemos e já ouvimos falar, Oser não estava com medo de entrar naquela imensa máquina de scanner, a fMRI (ressonância magnética por imagem em video), pois sua vontade de estar ali e poder ajudar era muito maior. Oser já entrava na máquina usando fones de ouvido para poder se comunicar com os pesquisadores, que estavam do lado de fora, e ser orientado por eles durante um longa e repetitiva série de controles, a fim de garantir que as imagens estavam sendo capturadas pela máquina. Durante todo o processo, Oser parecia imperturbável, ele foi submetido a passar pelos estados meditativos que estavam sendo estudados e ao final quando foi perguntado se achava necessário repetir algum deles, Oser pediu para repetir aqueles que ele achava mais importante, o estado aberto, a compaixão, a devoção e a concentração em um ponto. Após a repetição dos procedimentos, Oser saiu da máquina feliz e disse que para ele aquilo parecia um mini-retiro.
         Em seguida, ele foi encaminhado para fazer um nova bateria de exames, porem em um aparelho medidor de ondas cerebrais, conhecido também como EGG, que era uma espécie de capacete com vários e vários fios, semelhante a cabeça de Medusa. Oser usou dois aparelhos de EGG, um para captar dados valiosos da mente enquanto ele estava nos estados meditativos e o outro para fazer uma sinergia com os dados anteriores coletados da MRI.
        Como havia combinado com os pesquisadores, Dalai Lama foi ate a Universidade de Winsconsin. Ele sempre foi  intrigado com algumas questões cientificas e com os tempo vem buscando métodos capazes de resolver tais questões. Ao chegar na Universidade e ser apresentado aos resultados obtidos pelo  MRI com o estudo feito em Oser, Dalai Lama resgata uma das questões que o intriga, “o poder da mente ou a da própria consciência, de administrar o cérebro”.
        Com várias horas analisando os resultados dos exames, a equipe de Madison concluiu que Oser conseguia controlar voluntariamente suas atividades cerebrais por meio de processos mentais, ao contrário da maioria dos pacientes sem treinamento mental que foram submetidos aos mesmos testes, pois esses eram incapazes de se concentrarem exclusivamente em uma única tarefa. Eles concluíram também que durante a meditação para estudar a compaixão, Oser conseguia uma alta frequência de atividade elétrica na área pré-frontal esquerda, aquela que é responsável pelas emoções positivas como felicidade, entusiasmo, alegria, e era exatamente assim que Oser se encontrou naquele momento em que estava fazendo os testes, em um estado onde ele parecia estar em uma felicidade interna enorme. Eis que os pesquisadores pediram para Dalai Lama realizar os mesmos testes em outras pessoas que meditavam neste estado de compaixão, para so assim terem certeza se aquilo era algo natural de Oser ou o resultado de um longo treinamento.
         Um teste muito interessante e surpreendente foi realizado por Paul Ekman e esse teste se chamava Fácil de Emoções. O seu objetivo era reconhecer expressões faciais que passavam em milésimos de segundos em uma tela. Oser e uma outra pessoa que também estava meditando no momento, se saíram melhor que as demais pessoas que ali estavam realizando o mesmo teste. Oser também foi submetido ao teste do susto, onde a pessoa deveria tentar não demonstrar reação ao susto, um reflexo instintivo que o monge budista conseguiu reprimir quase que por completo enquanto meditava, concentrando-se em um único ponto.
        Em um outro teste, Oser tinha que conversar com dois professores, um que era simpático e um outro que era briguento, esse ultimo não conseguiu brigar com Oser pois esse possuía uma expressão muito tranquila e serena e que isso fazia com que as outras pessoas não conseguissem brigar com ele.

       Com isso podemos concluir que todos nos somos capazes de nos concentrarmos em um único ponto, assim como fez Oser durante suas meditações, e dessa maneira nos tornarmos pessoas extraordinárias, mas infelizmente não nos dedicamos o suficiente para alcançar tal objetivo. E a grande maravilha de ser essa pessoa extraordinária é estar sempre buscando um estado de compaixão de nos permite  ser cada dia mais felizes.