terça-feira, 29 de abril de 2014

Estudo do Caso: Psicose Maníaco-Depressiva (Transtorno Bipolar)

     

     Queridos leitores, o texto de hoje aborda um assunto muito interessante e que esta muito presente na nossa sociedade atual: o Transtorno Bipolar. O texto é o relato de uma experiência vivida por uma aluna de Enfermagem da USP, enquanto essa cursava a disciplina de Enfermagem Psiquiátrica. Sua experiência consistiu em acompanhar uma paciente portadora de perturbação bipolar, e fazer a analise do comportamento da paciente e das técnicas terapêuticas usadas pela estudante durante o acompanhamento.
     O distúrbio de humor que conhecemos como perturbação bipolar ou transtorno bipolar, é chamado de Psicose Maníaco-Depressiva (PMD). Essa doença pode ser subdividida em três fases, de acordo com a sintomatologia do episodio: A fase maníaca, onde o paciente apresenta elevação de humor,  grande euforia e possui ideias e planos grandiosos; a fase mista, onde o paciente aparenta passar por um período de estabilização do humor; e a fase depressiva, onde o paciente esta num estado melancólico e sem interesse pela vida.
     Durante o tratamento da psicose, uma boa relação entre o enfermeiro e o paciente é essencial e para que isso ocorra, depende muito das características próprias de cada enfermeiro, sua personalidade, habilidade e compreensão para lidar com o paciente. Para que haja essa boa relação, algumas ações por parte do enfermeiro são muito importantes: primeiramente ele deve aceitar o paciente, chama-lo pelo nome, compreender seus direitos e estar sempre apoiando-o independente do resultado do diagnostico, o enfermeiro deve também ter sempre uma postura firme e coerente, dando mais segurança ao paciente. Para facilitar a interação enfermeira-paciente, a enfermeira deve ouvir o paciente em silencio, refletindo sobre o que esse esta dizendo, verbalizando aceitações, afim de proporcionar ao paciente estímulos para falar e expressar seus sentimentos. 
     Na fase depressiva da psicose, o paciente geralmente não quer conversar, por esse motivo, o enfermeiro deve ter muita paciência e tentar incentivar o paciente a conversar, fazendo perguntas claras, ouvindo bem o que ele diz e demonstrar interesse de forma que o paciente queira continuar falando. Já na fase maníaca, o paciente pode se apresentar como uma pessoa totalmente diferente, oposta a fase depressiva. Nessa, o paciente já fala demais e muitas vezes suas ideias não possuem sentido lógico. Sendo assim, na fase maníaca, o enfermeiro deve sempre colocar a ideia principal do pensamento em foco, ajudando assim o paciente a organizar suas ideias, diminuindo seu nível de ansiedade.
     Sobre os enfermeiros e seus sentimentos, a estudante diz que na fase maníaca o paciente provoca muita irritação na equipe, pois ele esta muito agitado e agressivo; na fase depressiva, os enfermeiros também ficam irritados, mas se sentem impotentes, pois o paciente esta tão desanimado que contagia os demais, fazendo com que todo o ambiente fique depressivo. Nessa ultima fase é mais difícil se comunicar com o paciente ou até mesmo demonstrar interesse no que ele diz, pois o paciente tem muitas ideias de tentar se suicidar. 
     O lugar onde cada paciente deve ficar  também deve ser escolhido cuidadosamente. O paciente na fase maníaca deve ficar em um lugar onde haja poucos pacientes e que tenha um ambiente o mais tranquilo possível, com o mínimo de estímulos. Aqueles não devem ficar juntos com os pacientes que estão na fase depressiva, pois o comportamento desses o irrita muito.
     Um dos principais focos do texto é a experiência vivida pela estudante. A paciente era uma senhora, de 61 anos, viúva a 20 anos, de classe econômica baixa. R. L., como foi chamada pela estudante, para preservar sua identidade, foi diagnosticada a 1 ano e meio com Psicose Maníaco-depressiva crônica, de ciclagem rápida, ou seja, não passou pela fase mista, a fase da normalidade. Quando começou a sentir os sintomas da doença, ela foi internada pelo seu genro. Nessa época, ela estava passando por uma fase maníaca, ficava vagando pelas ruas de madrugada e batendo nas janelas das casas. No primeiro contato que a enfermeira teve com a paciente, essa passava por uma fase depressiva, tinha um olhar triste e não encarava as pessoas, com isso houve a dificuldade em conversar com a paciente, deixando a enfermeira até com raiva em alguns momentos. A estudante usou principalmente as técnicas do silencio terapêutico, do apoio ao paciente, da verbalização de interesse e aceitação, da clarificação das ideias e da repetição das ultimas palavras ditas pela paciente.
     Enquanto a enfermeira se preparava para tratar da paciente na fase depressiva, essa passou por três sessões de ECT (Eletroconvulsoterapia), tratamento utilizado nos pacientes com essa psicose, e com isso passou para o quadro de euforia, ou seja, a paciente havia passado para a fase maníaca. A paciente, durante essa fase, estava alegre, falante, agitada, tinha um relacionamento social com os demais pacientes, participou da Terapia Ocupacional e dos Grupos de Atividades. Para a estudante, lidar com a paciente nessa fase foi mais tranquilo, pois ela não tinha que forçar a paciente a falar.
     A estudante conta também que após ter passado por toda a experiência, ela pode perceber que os cuidadores passam por muitas dificuldades, sentem desanimo, tristeza, impaciência, irritação, desestimulo, impotência e até mesmo inutilidade. E que com tudo isso, o maior desafio do profissional é não deixar ser tão abatido por esses sentimentos.
     Pessoalmente eu nunca vi uma pessoa com esse tipo de distúrbio emocional, já tinha lido sobre, mas com os relatos da estudante, eu fiquei muito mais curiosa e intrigada a saber mais sobre o famoso transtorno bipolar. Diante de tudo o que li, eu fico pensando... Como o ser humano é incrível. Sua mente principalmente! Nesse caso nos observamos que a paciente de uma hora para a outra passou de uma fase depressiva para uma fase maníaca. Em uma hora estava triste e depressiva, no instante seguinte estava contente e conversava com todos. Como isso é incrível e intrigante! Com certeza não deve ter sido fácil para a estudante lidar com essa paciente, mas eu acredito que experiências como essa fortalecem a pessoa, pois somos capazes de pensar melhor sobre tudo o que nos rodeia. E você? Conseguiria lidar com uma pessoa com transtorno bipolar? Seria capaz de ajuda-la a passar por esse momento tão difícil? Com certeza são perguntas no mínimo intrigantes, não é mesmo?

Obrigada pela atenção e até o próximo texto! 
     
     

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