domingo, 29 de junho de 2014

A Teoria da Dissonância Cognitiva de Leon Festinger

   
      Boa Tarde, Queridos Leitores!

     Chegamos ao fim de um semestre muito proveitoso, com abordagens sobre temas muito interessantes, dos quais eu tenho certeza que levaram vocês a pensar melhor sobre os assuntos aqui propostos.

     Para finalizar com chave de ouro, gostaria de propor aqui um ultimo tema: a Teoria da Dissonância Cognitiva. Muitos de nos não sabemos o que esse termo significa, mas o texto de hoje (A Teoria da Dissonância Cognitiva de Leon Festinger, texto publicado por ele em 1957) nos explica muito bem o que é.

   
     De forma simples, a dissonância cognitiva é a contradição. Quando alguém possui uma determinada crença sobre algo e age de forma diferente daquilo que acredita, acontece então uma situação de dissonância. Ela é responsável pela inconsistência no comportamento dos indivíduos. Por exemplo: Uma pessoa sabe que não se deve dirigir depois de ingerir bebida alcoólica, ela tem plena convicção disso. Porem, certo dia ela resolve ir dirigindo para uma festa e la ele bebe com os amigos e no final volta para casa dirigindo. Nesse ultimo momento, ela age de forma contraria ao que pensa, mas muitas vezes faz isso pensando que o risco que ela estará correndo, valera a pena.

     A ideia de cognitivo é a convicção que um determinado individuo tem a respeito de si mesmo e do ambiente que ele se encontra. A teoria da dissonância cognitiva esta baseada na premissa que de uma pessoa se esforça ao máximo a fim de manter a coerência entre suas cognições, ou seja, suas convicções, opiniões a respeito de um determinado assunto.

     A incoerência entre os seus atos e o seu modo de pensar, ou seja, a dissonância, pode levar a pessoa a ficar incomodada com tal situação e resolver reduzir essa diferença e com isso tentar chegar a coerência. Para tentar reduzir essa dissonância, a pessoa pode mudar a cognição a respeito do seu comportamento ou mudar a respeito do conhecimento que tem sobre os efeitos da situação. Um exemplo que o texto nos da: a fome. Primeiro sentimos o incomodo por estarmos com fome, para só então decidirmos reduzi-la. Pensando na mudança de comportamento, a pessoa reduz a dissonância ingerindo algum alimento, acabando com a fome. Já pensando no conhecimento dos efeitos, a pessoa passa a ter consciência de que deve alimentar-se pois caso contrario ela pode desmaiar. Ou seja, ela coloca os benefícios da sua atitude acima de tudo.

     Pensando nessa linha de raciocínio, a pessoa pode também evitar certas situações que aumentam a dissonância, visto que ela já tem consciência do incomodo que é causado. 

     
     Festinger fala no texto sobre a “evitação do aumento de dissonância” que pode ser confundida com a redução da dissonância. Para ele, a evitação ocorre quando a pessoa evita adquirir novas informações que podem aumentar a dissonância. Por outro lado, a “redução” pode ocorrer quando a pessoa procura por informações a fim de ter argumentos que a levem a pensar melhor sobre continuar ou não dissonante.  

      Agora, vamos parar para pensar um pouco... Quais os fatores que nos levam a dissonância?

     Podemos citar alguns deles: a inconsistência lógica, os hábitos culturais que adquirimos desde pequenos e que uma determinada situação nos leva a pensar diferente, uma opinião especifica a respeito de um determinado assunto, alguma experiência vivida anteriormente.

     A magnitude de uma dissonância esta nas características dos elementos que causam a mesma. Quanto maior a importância de cada elemento, maior a magnitude da dissonância. A magnitude da dissonância é muito importante para determinar a pressão que terá para reduzir a dissonância. Quanto maior a dissonância, maior será a intensidade da ação que terá que ser feita para reduzir a dissonância e por sua vez, maior será a evitação de situação que aumentara de novo essa dissonância. Podemos reduzir a magnitude da dissonância adicionando a ela novos elementos cognitivos, como por exemplo reduzir a importância da dissonância para a pessoa, ou seja, mostrando que existem situações piores, ou também reduzi-la por “reconciliação”, ou seja, unindo dois conhecimentos.

     Também ocorre a resistência pela redução da dissonância, uma vez que a pessoa resiste em mudar os elementos que estão envolvidos na dissonância. Podemos citar alguns desses elementos: 1. Os Comportamentais. Quando a pessoa liga os elementos a sua realidade, algo que ela comprova com o que esta vendo; ou quando aquela mudança pode lhe causar dor ou algum prejuízo pessoal; ou quando ela esta satisfeita ou confortável com aquela determinada situação; ou por ter certeza que não pode mudar a situação. 2. Os Ambientais. Esses se assemelham aos comportamentais quando a possibilidade de mudança é praticamente nula, mas especificamente quando aqueles elementos são diferentes da realidade vivida pela pessoa.

     Após toda essa parte digamos que teórica, queria compartilhar com vocês o meu pensamento a respeito de tudo isso. Eu acredito e concordo que de fato, quando estamos em dissonância e percebemos isso, já que nos incomoda muito, na maioria das vezes, buscamos encontrar meios de minimiza-la e eu penso que deve ser exatamente essa a nossa atitude, afinal.. ninguém gostar de não se sentir confortável com determinada situação. Mas também devemos pensar que as pessoas possuem pensamentos/conhecimentos diferentes uma da outra e que algo que é dissonante para uma pessoa pode não ser para a outra, dessa forma, a analise deve ser feita de acordo com cada referencial, de acordo com cada pessoa, acima de tudo respeitando-a.

     Eu, particularmente, achei o tema muito interessante, pois deixa mais “técnica” algumas ações que acontecem no nosso dia a dia. A ciência se mostra capaz de nos explicar atitudes que às vezes não damos a devida importância, mas que com o conhecimento, podemos muda-las, melhorando a nossa vida e aperfeiçoando o nosso jeito de pensar.

     E você, caro leitor? O que achou do tema abordado hoje? Você já tinha pensado sobre toda essa complexidade que rodeia a dissonância? Ou é a primeira vez que lê algo sobre o tema? Assim como eu, acredita que a dissonância depende de cada pessoa ou discorda achando que ela é uma para todas as pessoas em todas as situações? Eu gostaria de saber o que você pensa a respeito do tema, apos essa leitura de hoje. O espaço esta aberto, caso você queira fazer algum comentário, ou caso você queira acrescentar alguma informação adicional, também sera muito valida.

     Espero que não tenha ficado muito complicado para vocês entenderem o que eu quis dizer, mas para aqueles que sentiram um pouco de dificuldade no tema, digo-lhes que eu também a tive e que não foi muito fácil passar para vocês o pouco que eu entendi kkkk Sugiro, aqueles que se interessaram pelo tema, que pesquisem mais afundo sobre ele. Tenho certeza que vocês descobrirão coisas novas e que elas vão fazer vocês se interessarem ainda mais. 

     Pensando nessa dificuldade, deixo aqui para vocês, o link de um vídeo que achei no youtube, que diz respeito ao experimento que Leon Festinger e o seu colega de pesquisa, M. Carlsmith fizeram a respeito da Teoria da Dissonância Cognitiva.

                                       http://www.youtube.com/watch?v=Wvx-gW4vUSc

     Espero que esse vídeo ajude vocês a entenderem mais sobre o assunto, pois ele me ajudou bastante!

     Ate uma próxima oportunidade e muito obrigada pela atenção.

     Atenciosamente,
     Nathália Teixeira





Referencia textual: Festinger, L. (1957) Teoria da Dissonância Cognitiva, Rio de Janeiro: Zahar.

terça-feira, 10 de junho de 2014

O Experimento da Obediência (Stanley Milgram)



             Boa Tarde, Queridos Leitores!

     O nosso tema de hoje diz respeito a obediência e a forma como ela domina a sociedade. Algumas vezes ao recebermos ordens de alguém, nos perguntamos se devemos obedece-las ou não, mas em outras vezes simplesmente realizamos a ordem dada sem ao menos nos questionarmos o porque de estarmos obedecendo.
O texto que exploraremos hoje tem como objetivo mostrar a experiencia de Stanley Milgram, professor-assistente da Universidade de Yale. O experimento foi feito com a finalidade de testar ate qual ponto uma pessoa poderia aplicar dor a outra pessoa pelo simples fato de estar obedecendo ordens de uma autoridade.

    Os estudiosos da época de Milgram acreditavam que o fato de uma pessoa possuir o caráter obediente era devido a experiencias que ela havia vivido na infância, mas Milgram acreditava que a obediência decorria da situação que a pessoa estava passando e não da personalidade de ela possuía ou havia adquirido.

     Por meio de um anuncio de jornal (imagem ao lado), ele tentava recrutar pessoas para ajuda-lo em estudo sobre a memoria e para isso ele pagava 4 dólares por hora. A pessoas que se interessaram foram ao local indicado por ele e la ele explicava o experimento.
     No experimento haveriam dois candidatos, um seria o professor, aquele que foi atraido pelo anuncio e o outro seria o aluno, um ator contratado. O primeiro realizaria o papel de um professor, ele falaria uma ordem de palavras ao aluno e esse deveria reproduzir as palavras na mesma ordem dita pelo professor. Caso o aluno errasse, o professor o puniria acionando a maquina que dava choques. Essa maquina porem, não dava choques de fato, mas estava ali para fazer com que o candidato acreditasse que ela dava. O aluno por sua vez, fingiria estar recebendo os choques para que o candidato acreditasse na veracidade da pesquisa.
     Apos a explicação eles começaram o experimento, o candidato professor sentava em uma cadeira de frente a mesa com a aparelhagem que dava choque e o candidato aluno sentava em uma cadeira que estava ligada por fios com o aparelho de choque. O experimento começava com a voltagem minima de 15 volts e a cada erro do aluno essa voltagem ia aumentando ate chegar a 400 volts, sendo essa a voltagem máxima. Com o passar do experimento, o candidato aluno pediu para parar, pois estava sentindo muita dor. O candidato professor  perguntou ao inspetor, que estava supervisionando as acoes dele, se ele poderia parar, o inspetor por sua vez disse que ele deveria continuar e assim ele fez ate que os choques chegaram a 400 volts.
     Foi interessante notar que quando era colocado um professor ator para dar os choques e esse desobedecia a ordem de continuar, os candidatos professores seguintes (os que foram atraídos pelo anuncio) também desobedeciam a ordem.
     Ao finalizar o experimento, foi concluído que 65% dos candidatos continuaram o experimento mesmo vendo o aluno sofrer com a dor dos choques, ou seja, eles obedeceram fielmente a ordem dada pelo inspetor sem se preocupar com o outro. Para Milgram, o experimento teve uma porcentagem muito alta de permanência
     Depois de vê o resultado da pesquisa, a autora do texto que estamos analisando, procurou os 35% dos candidatos que desistiram do experimento antes do final do mesmo e ela pode concluir que em primeiro lugar eles desistiram do experimento pelo medo de terem um ataque do coração devido ao estresse que estavam passando com a situação e em segundo lugar por terem se preocupado com o aluno que estava sofrendo com os choques. Por meio disso, podemos concluir que eles pensaram primeiro neles e só depois no outro.
     Um dos relatos coletados pela autora foi de um homem que foi ate o final da pesquisa e depois de finaliza-la descobriu que era tudo uma farsa. Ele ficou questionando sua obediência e então relatou que ele havia se descoberto homossexual e que estava escondendo essa identidade, mas depois do experimento ele pode perceber que aquela era mais uma manifestação de obediência perante a sociedade. Para esse homem o experimento mudou sua vida.
     Agora vamos fazer uma pequena analise... Porque os 65% não desistiram da pesquisa também? Sera que foi porque eles não tiveram do da outra pessoa que estava recebendo o choque ou por causa de algum motivo pessoal deles?
     Apos ler o texto eu fiquei me perguntando o que pode levar uma pessoa a realizar um experimento desses e ir ate o fim. Confesso que sou muito sensível com essas questões envolvendo outras pessoas, principalmente se essas estiverem sofrendo e que muitas vezes penso mais nos outros do que em mim mesma, por isso não me vejo realizando esse experimento. Mas sera que se eu tivesse la ao vivo e a cores, passando por aquela situação, eu não seria levada a realizar tal experimento?
     E você, caro leitor? Seria capaz de apertar um botão que desse choque em uma outra pessoa, fazendo com que ela sofresse? Ou você acha que faria isso devido a obediência adquirida desde pequeno, quando os seus pais mandavam e você obedecia, sem questionar ou pensar em outras alternativas? Pensem sobre isso...!
     Aos que se interessaram pelo experimento de Stanley Milgram, deixo aqui o link de um video que mostra bem como ele funcionou. Vale a pena ver!
                                     
                                     http://www.youtube.com/watch?v=VT3wKbBNo64

     Referencia do texto: Slater, L.(2004) Mente e Cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro.

sábado, 10 de maio de 2014

Sobre Ser São em Lugares Insanos (Experimentos com diagnostico psiquiátrico)


     Boa Noite, Meus Queridos Leitores! O texto que vamos tratar hoje fala sobre um tema que causa curiosidade em muitos de nos, a psiquiatria. Esse texto fala sobre o experimento de David Rosenhan, professor de direito e psicologia da Universidade de Stanford.
     Em 1972, Rosenhan decidiu reunir 8 amigos para descobrir como os hospitais psiquiátricos avaliavam seus pacientes. Para realizar seu experimento, Rosenhan pediu aos amigos que ao chegarem ao hospital psiquiátrico relatassem que estavam ouvindo uma voz, de uma pessoa do mesmo sexo que eles e que ficava dizendo "tum". Quanto as demais perguntas que fossem feitas a eles, deveriam ser respondidas com honestidade, exceto o nome e a ocupação de cada um deles. Apos passarem pela entrevista inicial, todos os pseudopacientes, inclusive o próprio Rosenhan, foram internados, por aproximadamente 19 dias, e diagnosticados com esquizofrenia e psicose maniaco-depressiva.
     Assim que foram internados, os pseudopacientes passaram a agir de forma normal, eles foram instruídos por Rosenhan a esconder debaixo da língua os medicamentos que fossem oferecidos a eles, e também foram aconselhados a anotar tudo o que viam. Com isso, eles perceberam que os médicos e as enfermeiras passavam pouco tempo com os pacientes e que as vezes pareciam fingir que eles não existiam. Mesmo se comportando de forma normal, os médicos não perceberam essa mudança de comportamento; já os pacientes verdadeiros, em contra partida, duvidaram da loucura deles e logo os acusaram de não serem loucos de verdade. Rosenhan e seus amigos foram medicados e liberados com o diagnostico de esquizofrenia em remissão.
     Para concluir sua pesquisa, David Rosenhan disse: "Agora sabemos que somos incapazes de distinguir a insanidade da sanidade". Esse estudo mostrou que o grande problema não esta na mente dos médicos, mas sim na pouca eficiência ao se fazer os diagnósticos.
     Ao meu ver, esse é um assunto que requer um muito cuidado, pois infelizmente não sabemos quão comprometedor pode ser um diagnostico pouco detalhado. As vezes um paciente pode recebe um tratamento que não é o adequado para ele e sofrer as consequências disso pelo resto da vida.
     Para refletirmos sobre o tema, coloco aqui o significado da palavra psiquiatria: "Arte de curar a alma". Caros doutores, vamos curar essas almas da forma mais eficiente possível! Entendo que a linha entre a sanidade e a insanidade é muito tênue, mas eu acredito que um bom diagnostico pode evitar muitos problemas aos pacientes.


      E você leitor, o que tem a dizer sobre o assunto? Vocês gostariam de serem diagnosticados com uma doença que não tem? Ou então não receber o tratamento certo para uma doença mental grave?
     Caso vocês tenham curiosidade de ler esse texto, segue a referencia: SLATER, Lauren. Sobre ser são em lugares insanos: experimentos com diagnostico psiquiátrico. In: Mente e cérebro (pg 82-115). 2005.
   
      Espero que tenham gostado! Até a próxima :)
 

terça-feira, 29 de abril de 2014

Estudo do Caso: Psicose Maníaco-Depressiva (Transtorno Bipolar)

     

     Queridos leitores, o texto de hoje aborda um assunto muito interessante e que esta muito presente na nossa sociedade atual: o Transtorno Bipolar. O texto é o relato de uma experiência vivida por uma aluna de Enfermagem da USP, enquanto essa cursava a disciplina de Enfermagem Psiquiátrica. Sua experiência consistiu em acompanhar uma paciente portadora de perturbação bipolar, e fazer a analise do comportamento da paciente e das técnicas terapêuticas usadas pela estudante durante o acompanhamento.
     O distúrbio de humor que conhecemos como perturbação bipolar ou transtorno bipolar, é chamado de Psicose Maníaco-Depressiva (PMD). Essa doença pode ser subdividida em três fases, de acordo com a sintomatologia do episodio: A fase maníaca, onde o paciente apresenta elevação de humor,  grande euforia e possui ideias e planos grandiosos; a fase mista, onde o paciente aparenta passar por um período de estabilização do humor; e a fase depressiva, onde o paciente esta num estado melancólico e sem interesse pela vida.
     Durante o tratamento da psicose, uma boa relação entre o enfermeiro e o paciente é essencial e para que isso ocorra, depende muito das características próprias de cada enfermeiro, sua personalidade, habilidade e compreensão para lidar com o paciente. Para que haja essa boa relação, algumas ações por parte do enfermeiro são muito importantes: primeiramente ele deve aceitar o paciente, chama-lo pelo nome, compreender seus direitos e estar sempre apoiando-o independente do resultado do diagnostico, o enfermeiro deve também ter sempre uma postura firme e coerente, dando mais segurança ao paciente. Para facilitar a interação enfermeira-paciente, a enfermeira deve ouvir o paciente em silencio, refletindo sobre o que esse esta dizendo, verbalizando aceitações, afim de proporcionar ao paciente estímulos para falar e expressar seus sentimentos. 
     Na fase depressiva da psicose, o paciente geralmente não quer conversar, por esse motivo, o enfermeiro deve ter muita paciência e tentar incentivar o paciente a conversar, fazendo perguntas claras, ouvindo bem o que ele diz e demonstrar interesse de forma que o paciente queira continuar falando. Já na fase maníaca, o paciente pode se apresentar como uma pessoa totalmente diferente, oposta a fase depressiva. Nessa, o paciente já fala demais e muitas vezes suas ideias não possuem sentido lógico. Sendo assim, na fase maníaca, o enfermeiro deve sempre colocar a ideia principal do pensamento em foco, ajudando assim o paciente a organizar suas ideias, diminuindo seu nível de ansiedade.
     Sobre os enfermeiros e seus sentimentos, a estudante diz que na fase maníaca o paciente provoca muita irritação na equipe, pois ele esta muito agitado e agressivo; na fase depressiva, os enfermeiros também ficam irritados, mas se sentem impotentes, pois o paciente esta tão desanimado que contagia os demais, fazendo com que todo o ambiente fique depressivo. Nessa ultima fase é mais difícil se comunicar com o paciente ou até mesmo demonstrar interesse no que ele diz, pois o paciente tem muitas ideias de tentar se suicidar. 
     O lugar onde cada paciente deve ficar  também deve ser escolhido cuidadosamente. O paciente na fase maníaca deve ficar em um lugar onde haja poucos pacientes e que tenha um ambiente o mais tranquilo possível, com o mínimo de estímulos. Aqueles não devem ficar juntos com os pacientes que estão na fase depressiva, pois o comportamento desses o irrita muito.
     Um dos principais focos do texto é a experiência vivida pela estudante. A paciente era uma senhora, de 61 anos, viúva a 20 anos, de classe econômica baixa. R. L., como foi chamada pela estudante, para preservar sua identidade, foi diagnosticada a 1 ano e meio com Psicose Maníaco-depressiva crônica, de ciclagem rápida, ou seja, não passou pela fase mista, a fase da normalidade. Quando começou a sentir os sintomas da doença, ela foi internada pelo seu genro. Nessa época, ela estava passando por uma fase maníaca, ficava vagando pelas ruas de madrugada e batendo nas janelas das casas. No primeiro contato que a enfermeira teve com a paciente, essa passava por uma fase depressiva, tinha um olhar triste e não encarava as pessoas, com isso houve a dificuldade em conversar com a paciente, deixando a enfermeira até com raiva em alguns momentos. A estudante usou principalmente as técnicas do silencio terapêutico, do apoio ao paciente, da verbalização de interesse e aceitação, da clarificação das ideias e da repetição das ultimas palavras ditas pela paciente.
     Enquanto a enfermeira se preparava para tratar da paciente na fase depressiva, essa passou por três sessões de ECT (Eletroconvulsoterapia), tratamento utilizado nos pacientes com essa psicose, e com isso passou para o quadro de euforia, ou seja, a paciente havia passado para a fase maníaca. A paciente, durante essa fase, estava alegre, falante, agitada, tinha um relacionamento social com os demais pacientes, participou da Terapia Ocupacional e dos Grupos de Atividades. Para a estudante, lidar com a paciente nessa fase foi mais tranquilo, pois ela não tinha que forçar a paciente a falar.
     A estudante conta também que após ter passado por toda a experiência, ela pode perceber que os cuidadores passam por muitas dificuldades, sentem desanimo, tristeza, impaciência, irritação, desestimulo, impotência e até mesmo inutilidade. E que com tudo isso, o maior desafio do profissional é não deixar ser tão abatido por esses sentimentos.
     Pessoalmente eu nunca vi uma pessoa com esse tipo de distúrbio emocional, já tinha lido sobre, mas com os relatos da estudante, eu fiquei muito mais curiosa e intrigada a saber mais sobre o famoso transtorno bipolar. Diante de tudo o que li, eu fico pensando... Como o ser humano é incrível. Sua mente principalmente! Nesse caso nos observamos que a paciente de uma hora para a outra passou de uma fase depressiva para uma fase maníaca. Em uma hora estava triste e depressiva, no instante seguinte estava contente e conversava com todos. Como isso é incrível e intrigante! Com certeza não deve ter sido fácil para a estudante lidar com essa paciente, mas eu acredito que experiências como essa fortalecem a pessoa, pois somos capazes de pensar melhor sobre tudo o que nos rodeia. E você? Conseguiria lidar com uma pessoa com transtorno bipolar? Seria capaz de ajuda-la a passar por esse momento tão difícil? Com certeza são perguntas no mínimo intrigantes, não é mesmo?

Obrigada pela atenção e até o próximo texto! 
     
     

segunda-feira, 31 de março de 2014

Medicina dos Afectos

         
Queridos leitores, hoje iremos tratar de um texto que é composto por cartas trocadas entre o filosofo René Descartes e a Princesa Elisabeth da Boemia, em 1643. Poderemos compreender que essas cartas foram trocadas a muito tempo atrás, mas as questões nelas presentes ainda permanecem nos conflitando até os dias de hoje.  O assunto foco entre as cartas presentes nesse texto é a relação entre o corpo e a alma.
          A Princesa Elisabeth, acreditando fielmente que Descartes poderia ajudá-la a compreender os mistérios da sua alma, pergunta a Descartes: “como é que a alma do homem (sendo uma mera substancia pensante) pode determinar os espíritos do corpo a fazer as ações voluntárias?”  Ou seja,  ela queria saber justamente a definição do que era a alma, separada da sua ação e do seu pensamento, mas ela queria uma definição diferente daquela que era dada pela metafísica da época.  Descartes, muito contente com a confiança que a princesa tinha nele, tenta explicar de forma empenhada a sua teoria. Ele começa afirmando que existiam duas ideias sobre a alma humana, uma delas é que ela pensa e a outra é que estando unida ao corpo, ela pode agir e padecer com ele.  Porem, em seus estudos particulares, sempre intrigado pelas cartas trocadas entre ele e a princesa, Descartes sabia que havia uma distinção entre a alma e o corpo e que apesar de acreditar na separação entre eles, isso não podia ser interpretado como uma máquina, pois há um momento de junção entre os dois elementos, e esse acontece quando a força que a alma tem sobre o corpo traz a tona os sentimentos, os desejos e as paixões.  
          Durante a troca de cartas entre eles, a Princesa revela a Descartes que esta doente e que ela encontrava um alivio maior nas cartas dele do que nos remédios que ela escolheu  para tentar se curar (dieta e os exercícios). Descartes disse a Elisabeth que a melhor maneira de preservar a saúde é pensar que o corpo possui uma arquitetura tão boa que se você esta são é mais difícil de adoecer e caso você fique doente, a cura vira mais rápido. Podemos notar que algumas pessoas quando recebem um diagnostico ruim, ficam pensando  tão negativamente sobre ele que a causa da morte acaba sendo provocada por elas mesmas. Descartes fala sobre a diferença entre as almas maiores e as almas baixas e vulgares. Essas se deixam levar pelas suas paixões e são felizes ou infelizes conforme passam por acontecimentos bons ou ruins. Aquelas, por sua vez, possuem um raciocínio forte e poderoso que mesmo que tiverem suas paixões, a razão sempre prevalecerá e isso faz com que a pessoa permaneça bem, mesmo quando passa por problemas. Descartes diz que a alma da princesa é a maior que ele conhece, e que por isso ele tem certeza que ela ficara bem e se recuperara da doença. Elisabeth diz a Descartes que ele é o medico da sua alma e que se não fosse pela sua doença ela iria visita-lo para poder adquirir mais conhecimentos com ele, mas que apesar disso, sempre que ela precisar, escrevera para ele.
          Desde esse tempo em que as cartas foram trocadas, século XVII, ate a atualidade, os questionamentos presentes nas cartas persistem entre nos. Onde começa a alma e termina o corpo? Qual a influencia da primeira com o segundo? De fato existe uma alma? E qual a definição que damos a ela?
          Eu penso que é muito difícil distinguirmos a ação do corpo e da alma, eles parecem estar tão unidos que muitas vezes me vejo pensando que agimos somente pelo corpo, pois é algo que conseguimos acreditar que seja realmente o que acontece, se não temos um conhecimento maior sobre a relação dele com a alma. Podemos também ir pelo caminho de que a compreensão de cada um em relação a esses dois elementos  -corpo e alma-  depende do que a pessoa que esta analisando, crê e pensa sobre aquilo. Para a princesa por exemplo, não ficou muito clara a resposta dada a ela, mas isso se deu pois a explicação de Descartes era complexa e era baseada no que ele acreditava.

          Apesar do texto ser complexo e muitas vezes  difícil de ser bem entendido por nos, eu acho esse assunto muito interessante e com certeza nos levara a aprofundar mais sobre ele. 

sábado, 22 de março de 2014

Como Lidar Com Emoções Destrutivas - O Lama no Laboratório


            O texto de hoje será inspirado na obra “Como Lidar com Emoções Destrutivas”  de Dalai Lama e Daniel Goleman, mais especificamente do seu primeiro capitulo, “ O Lama no laboratório”.
             
             O nosso personagem principal possui um nome fictício, Lama Oser. Oser nasceu na Europa e se converteu ao budismo, passou mais de 30 anos recebendo sua educação de monge tibetano no Himalaia, e teve a honra de passar, também, muitos anos ao lado de um dos maiores mestres espirituais do Tibete.
             Oser foi convidado a participar de uma pesquisa inovadora, onde seria examinado, enquanto meditava, pelos mais modernos aparelhos de exame do cérebro. Outros testes semelhantes a esse já foram realizados, mas não com tamanho aprofundamento. A pauta dessa pesquisa então, seria avaliar a meditação, afim de alcançar uma solução pratica para o eterno enigma humano de como lidar com as diversas emoções destrutivas que possuímos.
             Aqui, no Ocidente, sempre que apresentamos algum tipo de problema, recorremos sempre ao bom e velho remédio. Oser, porém, fez uma proposta diferente e um tanto quanto interessante: as pessoas podem realizar mudanças cerebrais e podem também educar a mente a fim de controlar esses problemas emocionais que as afligem. Uma das formas de realizar tais mudanças seria por meio da meditação, um dos métodos de educação da mente que é ensinado pelo budismo.
             Com a sua proposta brilhante, Oser foi convidado por Richard Davidson, um famoso cientista que estava muito interessado em estuda-lo, a ir ao laboratório da Universidade de Winsconsin, no campus de Madison.  A equipe de Madison queria escolher um dos mais diversos métodos que meditação que o budismo tibetano podia oferecer, para estudar. No inicio a equipe sugeriu que fossem estudados três estados meditativos: uma visualização, a concentração em um ponto e a geração de compaixão, pois casa um dos métodos apresentava estratégias mentais totalmente distintas e com isso a equipe podia ter quase certeza de que encontraria diversas configurações fundamentais das atividades cerebrais. Depois foram acrescentados outros dois estados, a devoção e o estado aberto, esse ultimo era um estado de virgília sem pensamentos, onde a mente fica aberta, vasta e consciente, mas sem atividades mentais intencionais, segundo Oser.
           O estudo dos tais métodos envolvia colocar o Oser em um aparelho de scanner cerebral. Mas, ao contrario da maioria das pessoas que conhecemos e já ouvimos falar, Oser não estava com medo de entrar naquela imensa máquina de scanner, a fMRI (ressonância magnética por imagem em video), pois sua vontade de estar ali e poder ajudar era muito maior. Oser já entrava na máquina usando fones de ouvido para poder se comunicar com os pesquisadores, que estavam do lado de fora, e ser orientado por eles durante um longa e repetitiva série de controles, a fim de garantir que as imagens estavam sendo capturadas pela máquina. Durante todo o processo, Oser parecia imperturbável, ele foi submetido a passar pelos estados meditativos que estavam sendo estudados e ao final quando foi perguntado se achava necessário repetir algum deles, Oser pediu para repetir aqueles que ele achava mais importante, o estado aberto, a compaixão, a devoção e a concentração em um ponto. Após a repetição dos procedimentos, Oser saiu da máquina feliz e disse que para ele aquilo parecia um mini-retiro.
         Em seguida, ele foi encaminhado para fazer um nova bateria de exames, porem em um aparelho medidor de ondas cerebrais, conhecido também como EGG, que era uma espécie de capacete com vários e vários fios, semelhante a cabeça de Medusa. Oser usou dois aparelhos de EGG, um para captar dados valiosos da mente enquanto ele estava nos estados meditativos e o outro para fazer uma sinergia com os dados anteriores coletados da MRI.
        Como havia combinado com os pesquisadores, Dalai Lama foi ate a Universidade de Winsconsin. Ele sempre foi  intrigado com algumas questões cientificas e com os tempo vem buscando métodos capazes de resolver tais questões. Ao chegar na Universidade e ser apresentado aos resultados obtidos pelo  MRI com o estudo feito em Oser, Dalai Lama resgata uma das questões que o intriga, “o poder da mente ou a da própria consciência, de administrar o cérebro”.
        Com várias horas analisando os resultados dos exames, a equipe de Madison concluiu que Oser conseguia controlar voluntariamente suas atividades cerebrais por meio de processos mentais, ao contrário da maioria dos pacientes sem treinamento mental que foram submetidos aos mesmos testes, pois esses eram incapazes de se concentrarem exclusivamente em uma única tarefa. Eles concluíram também que durante a meditação para estudar a compaixão, Oser conseguia uma alta frequência de atividade elétrica na área pré-frontal esquerda, aquela que é responsável pelas emoções positivas como felicidade, entusiasmo, alegria, e era exatamente assim que Oser se encontrou naquele momento em que estava fazendo os testes, em um estado onde ele parecia estar em uma felicidade interna enorme. Eis que os pesquisadores pediram para Dalai Lama realizar os mesmos testes em outras pessoas que meditavam neste estado de compaixão, para so assim terem certeza se aquilo era algo natural de Oser ou o resultado de um longo treinamento.
         Um teste muito interessante e surpreendente foi realizado por Paul Ekman e esse teste se chamava Fácil de Emoções. O seu objetivo era reconhecer expressões faciais que passavam em milésimos de segundos em uma tela. Oser e uma outra pessoa que também estava meditando no momento, se saíram melhor que as demais pessoas que ali estavam realizando o mesmo teste. Oser também foi submetido ao teste do susto, onde a pessoa deveria tentar não demonstrar reação ao susto, um reflexo instintivo que o monge budista conseguiu reprimir quase que por completo enquanto meditava, concentrando-se em um único ponto.
        Em um outro teste, Oser tinha que conversar com dois professores, um que era simpático e um outro que era briguento, esse ultimo não conseguiu brigar com Oser pois esse possuía uma expressão muito tranquila e serena e que isso fazia com que as outras pessoas não conseguissem brigar com ele.

       Com isso podemos concluir que todos nos somos capazes de nos concentrarmos em um único ponto, assim como fez Oser durante suas meditações, e dessa maneira nos tornarmos pessoas extraordinárias, mas infelizmente não nos dedicamos o suficiente para alcançar tal objetivo. E a grande maravilha de ser essa pessoa extraordinária é estar sempre buscando um estado de compaixão de nos permite  ser cada dia mais felizes.